segunda-feira, 22 de janeiro de 2024

O pássaro branco - uma história extraordinária

 




Meus queridos...

Há muito tempo que não sentia tanta nostalgia, peso e despertamento durante um filme. "O pássaro branco", baseado num livro e que descreve uma situação fictícia que podia bem ser verdadeira sobre Segunda Guerra Mundial, teve esse poder sobre mim.

Quando ainda era adolescente, tinha o hábito de ler diários de guerra como o da jovem judia Anne Frank que padeceu e morreu num campo de concentração ou de Zlata Filipovic que presenciou a guerra da Bósnia, um pouco mais tarde e já em finais do século XX.

Guerras são guerras independentemente da época em que acontecem. Às vezes oiço comentários como: em pleno século XXI isto ainda acontece. Enquanto o mundo for mundo, o homem bater-se-á por territórios, pela sua razão e até religião. Estamos rodeados de conflitos e ninguém nos garante que os mesmos não serão, infelizmente, o caminho para uma terceira guerra mundial.

Porém, hoje não quero seguir esta via do fatalismo mas, talvez, lançar um pouco de esperança. Não quero desvendar o conteúdo do filme, pois gostava mesmo que tivessem oportunidade de o ver e de vos ver ser arrebatados pela esperança e por uma certa humanidade que ainda existe dentro de nós. O filme é um apelo à bondade e generosidade e prática das mesmas. Alguns de nós não querem ser maus nem bons, apenas normais. Mas o que é a normalidade senão uma neutralidade e desdém com vista ao nosso bem estar egoísta? Ser bom e praticar o bem exige CORAGEM! 

Ontem ouvia o pregador na Igreja e ele dizia que o dicionário diz que decisão significa coragem e ele achou interessante assim como eu também achei. Decidir fazer o bem numa circunstância má ou que nos coloca em risco, não é fácil de todo e exige bravura e capacidade de ver o fruto que um ato bondoso pode ter na história de alguém.

Não gosto de falar de política em público e muito menos de me aborrecer com alguém sobre ela. No entanto, assustam-me todos os discursos carregados de demagogia que me lembram o fascismo. Todos aqueles que não procuram políticas que facilitem a vida ao ser humano seja ou não estrangeiro, mas que atacam as pessoas e as tratam como mercadorias. Não concordo com portas escancaradas mas também não me posso influenciar por discursos que nem provam estatísticas quanto ao uso de recursos da segurança social e que nos cegam, fazendo-nos sentir ódio de quem não devemos.

"Ama o teu próximo" e "Cuida do estrangeiro" são ordens de Deus, tão difíceis às vezes de colocar em prática. Vivemos tempos conturbados talvez plantados por outras políticas demasiado flexíveis que nos colocam hoje em situação vulnerável. No entanto, enquanto tivermos vizinhos e uma mão estendida ao próximo a bondade de Deus será visível na
terra - seja o meu vizinho quem for.

Enquanto via o filme, renasceram em mim sentimentos antigos que brotavam no coração de uma adolescente que nada sabia da vida: NEVER AGAIN! Que o que aconteceu não se repita nem daquela forma, nem de outra. Que os governos não deem lugar a que outros imponham as suas regras e nos dominem e que os cidadãos vivam em paz enriquecidos pela cultura e tradições uns dos outros.

O pássaro branco foi uma constante em todo o filme. Ele carregava esperança ....o Espírito Santo ainda hoje é simbolizado por uma pomba branca. Quando ele sobrevoa a terra, ou até mesmo o nosso coração, milagres acontecem.....

Com amor,

Cátia

terça-feira, 3 de outubro de 2023

Os filhos no divórcio


 Prometi no último texto debruçar-me sobre um tema que preocupa e ocupa a minha mente: os filhos no divórcio. Este é um texto simples mas que seja eficaz!

Pela graça de Deus e compreensão madura da nossa parte, esta não é a minha história, não é a história do nosso filho. O S. é uma criança feliz e preservada pelos pais e amada pelas duas famílias. Não há desentendimentos por coisas menores e há absoluta compreensão quanto ao tempo em que está com cada parte, com a divisão de despesas e quantos aos seus pequenos ouvidos que não merecem ouvir certos desatinos dos progenitores. 

Porém nem todos têm esta sensibilidade de conseguir ser pais sem ser cônjuges. Uns esquivam-se da função e outros procuram fazer de tudo para que o outro seja denegrido e não tenha hipótese de exercer a maternidade ou a paternidade.

Os filhos são herança de Deus para nós e as flechas que lançamos para a sociedade. Devem ser educados de forma a sentirem-se seguros, confiantes, debaixo de valores importantes, amados e com as necessidades supridas. deve ser incutido o principio da solidariedade e generosidade e do trabalho com fim de viverem melhor. Quando são manipulados e usados como armas para atingir o outro, estamos a destruir as próprias crianças. 

Às vezes, os pais não gostam de os ver rodeados de padrastos e madrastas; têm ciúmes ou até podem ter um distúrbio de personalidade que os faz ver tudo muito distorcido. Por vezes, levantam-se muros de lembranças más que levam os miúdos a culpar um dos pais; inventam-se histórias; fala-se constantemente mal do outro. Tentam-se pequenas vinganças efetuadas através dos miúdos.

Este abuso psicológico é irracional e provoca confusão, raiva, depressão, tristeza e tantas outras coisas.

Infelizmente, sei de histórias mirabolantes em que nunca se levou em conta o coração da crianças, mas a vingança pessoal e suja de alguém amargo que intoxica tudo e todos. O que mais me revolta? Não terem em conta que devem amar os filhos acima das dores. Os miúdos amam o pai e a mãe independentemente do que possa ter acontecido. Um até pode ter mais dom para ser progenitor do que outro, no entanto isso não invalida o amor que é sentido. Homem e mulher nem sequer são iguais, logo não de podem comparar na forma de fazer as coisas!

Ser capaz de chorar, curar as feridas, limpar o rosto e fazer o melhor pelos filhos é uma atitude não só madura mas inteligente. Somos capazes de reescrever a nossa história e de deixar os miúdos viverem a deles em paz.

Por favor, se com este texto conseguir sensibilizar alguém, deixo estes pensamentos: não usem os filhos como armas, não lhes encham os ouvidos com as vossas ideias de vingança, não os incentivem a ser maus para os padrastos ou madrastas, não os deixem ser obrigados a escolher entre lados. Afinal, devem estar todos do lado deles! Tolerem a presença do outro em jogos, peças de teatro, festas de aniversário. Sejam fortes! Sejam capazes. Os miúdos merecem. Cultivem uma atmosfera de amor, de compaixão, de paz!

O divórcio é uma destruição, não deixem que deixe mais caos por onde não precisa de o fazer.....

Com amor,

Cátia


quarta-feira, 6 de setembro de 2023

Depois de um divórcio......


Não me consigo concentrar! Sinto falta disto....do meu blog....das minhas palavras que tantas vezes surgiram numa inspiração divina e num toque de teclas repentino em que as lágrimas corriam e os dedos batiam a toda a velocidade. Era importante não perder os pensamentos que surgiam.
Tantos temas, tantas ideias que desejava partilhar, expor, comentar, esmiuçar para que juntos pudéssemos crescer como pessoas e pudéssemos conhecer um pouco mais do coração Daquele que teve a ideia de nos colocar aqui e nos formar de determinadas formas. Ler-me a mim mesma trazia revelação, partilhá-la dava-lhe propósito para que coisas importantes não ficassem dentro da minha caixinha de ideias mas virassem consolo para tantos que ainda "perdem" tempo com blogs ou com muitas letras juntas num mundo de tantas palavras.
 E foi preciso um divórcio para me fazer pausar. Contei os textos e desde o inicio de 2021 só escrevi dois. Não porque não tivesse inspiração, pois tenho para mim que os tempos de maior dor são motores que alavancam as penas dos escritores. Parar é necessário até porque, para muitos, há uma perda de credibilidade para quem tanto escrevia sobre tantas coisas de forma obstinada e que com um divórcio até parecem perder o sentido.
Hoje ganhei coragem de dizer aquilo que disse para mim mesma ao longo de muitos meses: divórcio não é o fim da vida. Parece....eu sei! Mas não é!
O choque inicial, a perda de identidade, a culpa, a vergonha, a raiva, as escolhas, a solidão, a perda de perspetiva, a nova condição, o perdão, a confusão, a amargura, as fronteiras. Tudo isto pode ser evitado quando duas pessoas desejam fazê-lo.
Porém, nem sempre corre como planeamos, nem sempre fazemos boas escolhas, nem sempre fazemos o moralmente certo ou seguimos os preceitos que pregamos tantas vezes, nem sempre o "felizes para sempre" acontece!
Independentemente do que acontece ou deixa de acontecer há feridas para tratar e na maior parte das vezes não encontramos hospitais prontos para nos receber. E vocês sabem ao que me refiro quando falo de hospitais.....aqueles que tratam da doença da alma! Muitos tomam lados e esquecem-se da atitude de Jesus no poço. Jesus disse à samaritana que sabia perfeitamente o que se passava mas recebeu-a, amou-a e mudou a história dela.
Às vezes sentia-me como ela. Sozinha em frente ao poço com um desejo profundo de alguém que me convidasse a beber. Já estava tão maltratada pela vida, pelos desafios, ainda havia os que passavam por mim e me excluíssem agora da sua convivência, que me apontavam sem saber, que inventavam e que nem queriam saber como me encontrava. 
Acabou-se depressa um convivio que antes era feito em casal! Agora vais sozinha para tua casa, com o teu filho chorar as tuas dores. E quase todos os domingos no final da tarde chorava amargamente! Por tantas coisas.....e mais alguma! Tudo isso fortalece a culpa, dá dimensão ao acontecimento e prejudica o processo de luto!
Só falo nisto pela dor emocional que causa sejamos ou não causadores do que nos aconteceu. Há quem me relembre constantemente que vivemos o fruto das nossas escolhas. Pois bem! Ainda assim merecemos graça e carinho dos que nos amam porque ninguém acerta sempre e alguns desacertam nas coisas verdadeiramente importantes!!
Só queria realçar para todos os que não acertaram, os que não conseguiram, os que se deixaram levar por mentiras, os que processaram mal os pensamentos, para os que erram e continuam a errar, existe graça além do que possamos imaginar porém ela só acontece num tratamento profundo de arrependimento e também de perdão. Porque muitas vezes quem não é causador, é vitima e precisa perdoar.
E se passaste por isto tudo como eu, não deixes o coração esfriar.....cuida agora de quem chora, de quem vive a dor de perdas irreparáveis, faz a diferença num mundo procurando compreender e acima de tudo AMAR!
E eu ....decidi continuar a escrever para quem quiser ler.....para quem acreditar no meu coração que continua com os olhos postos no lugar certo, procurando a redenção todos os dias e encontrando o coração de Deus no caminho. E, por isso, um dia deste vou falar de um assunto que considero de extrema importância: os filhos. Já chega de os tratarmos como moedas de troca ou objetos da nossa vingança vil. Cresçamos: se não for por nós, que seja por eles.

Até breve e com amor,
Cátia

sábado, 21 de maio de 2022

Apontamento sobre a solidão

 Aviso já os que me leem que o tema ao qual me quero dedicar nas próximas linhas não teve nenhuma espécie de investigação científica. Simplesmente é resultado de senso comum e um empirismo forçado. Tratam-se, então, só e apenas de opiniões, experiencias, ideias retiradas do meu coração e vivências.


Assistimos a tantos tipos de solidão: os que se sentem sós no meio de muita gente, os que se sentem sós por abandono dos demais, os que perderam algo ou alguém, os que preferem estar sós e os que só não se sentem sós se estiverem na presença dos que trazem sentido às suas vidas.

E quem espreita apenas pela janela pouco ou nada sabe dos que estão sós, vão sós, caminham sós. Muitas vezes temem intereferir porque acham que o outro quer estar só; outras vezes julgam pela aparência achando que o outro tem companhia e não estará assim tão só. Cheguei à conclusão que, na dúvida, mais vale perguntar: como estás? Como passas os teus dias? Queres ir beber um café ou ser deixado a sós?

Nem sempre a opção pelo isolamento é voluntária na medida em que acontece, algumas vezes, por um desconforto associado a sentimentos múltiplos devido às vivências de cada um. Então, quando parece que nos estão a dizer: hoje não posso, talvez queiram dizer: preciso que forces um pouco mais porque preciso voltar à convivência depois desta ou daquela tragédia que veio à minha vida.

Nem sempre os que se sentem sós o demonstram e sorriem diante dos demais porque choram apenas no secreto da tristeza da solidão com saudades dos tempos de casa cheia, de mesas coloridas e crianças a correr pelos corredores. A solidão ataca em todas as idades, fruto de tragédia ou não. Por vezes trata-se, somente, do ciclo da vida a correr como suposto.

No entanto, eu encontro uma promessa bíblica reconfortante que diz . "Deus faz com que o solitário habite em familia" (Salmos 68). Este versículo aparece num contexto do cuidado do próprio Deus pelos injustiçados, pelos órfãos, pelas viúvas, pelos presos. O amor Dele é um factor chave para entendermos que não estamos sós, no entanto Ele faz-se valer de cada um de nós para cumprir as Suas promessas. Ainda não estamos com Ele fisicamente para sentirmos o afeto em forma física de abraços, beijinhos e miminhos. Então, é mais que necessário entendermos e suprirmos a necessidade de acolhimento, lar, amor, familia dos que, por qualquer motivo seja ele voluntario ou involuntario, estão sós.

Todos precisamos de alguém que nos oiça, que nos ame, que nos encoraje, que não nos julgue precipitadamente, que esteja disposto a aceitar novas condições, que nos faça um bolo quentinho, que nos faça sentir parte - de algo, de alguém!

Que o Senhor nos ajude a identificar os que sofrem em silêncio e a desafiar o egoismo das nossas vidas. Que hoje Ele traga alguém ao teu pensamento! Que hoje pensemos em algué
m que passa o dia, a noite, o fim de semana, as festas sozinho. E que os que se sentem sós consigam vencer a barreira que os impede de se sentirem felizes outra vez!

A solidão dói e corrói o interior manifestando-se de várias formas e se não for tratada pode gerar amarguras que crescem e viram bolas de neve de apatia e indiferença. Por isso cuidemos uns dos outros e de nós mesmos não permitindo que ela leve o melhor de nós que transparece na presença dos demais.

Não posso ir embora sem te dizer a ti que te sentes só: Podes estar só e parecer só mas não és sozinho e o verbo estar implica algo temporário, então, que a gratidão encha o teu coração de forma a desfrutares de cada momento e valorizares cada atitude de alguem te vê só. Enfrenta o dia na convicção que sempre haverá alguem que cuida de ti e sempre haverá alguem que precisa do teu cuidado! 

Com amor,

Cátia

quarta-feira, 6 de outubro de 2021

Uma série, um ano dificil, lições de vida que não acabam|

 Já vai para mais de um ano que eu não escrevo aqui. 


Já passei por vários processos desde não me sentir mais digna de pronunciar algumas linhas até não ter qualquer inspiração. E entre lágrimas, soluços, dificuldades, a vontade de me exprimir da melhor forma que sei - a escrita -sempre será um refúgio secreto e, aqui, não tão secreto!

Vi a série "Maid" disponibilizada pela Netflix. Mexeu imenso com o meu coração, não porque me identifique com a história mas porque é uma lição dura e intensa de resiliência, força, coragem e superação. A história de Alex que, fugindo à violência doméstica emocional, faz das tripas coração para sobreviver sem dinheiro, sem apoios, sem teto! Com ela, uma filha de quase três anos.

Como não me comover episópio após episódio até a ver abraçar o sonho que tinha ficado perdido num tempo de 4 anos?!

A minha vida mudou muito neste último ano, talvez tenha descido ao mais duro abismo e ainda não tenho a certeza que o escalei todo até ao topo. Aliás, sim, tenho a certeza! Ainda não o fiz e ainda não vislumbro o cimo. As dores emocionais levam muito tempo a sarar e é preciso saber lidar com esse tempo para que as feridas fiquem totalmente curadas. Algumas provocadas por nós mesmos e outras por terceiros. O importante é pegar em cada pedaço do coração e dar-lhe atenção, entregá-lo a Quem sabe melhor cuidar dele do que nós, e seguir em frente, sem medo do amanhã. E é tão mais fácil escrever isto do que senti-lo. O medo faz parte de nós e quando não é bem administrado pode aprisionar-nos.

Continuar a vida sem algumas pessoas que eram peça central do puzzle desta aventura pode ser uma experiencia brutal porque ou nos amarguramos ou nos tornamos melhores. Refletimos sobre o que correu mal, tiramos lições, e tentamos achar que a vida não acabou, como muitos dos que, gentilmente, me telefonam me dizem! 

No entanto, é um processo bem destrutivo e precisa ser bem tratado para não criar danos maiores em nós e naqueles pelos quais somos responsáveis.

E nestas alturas vemos quem nos ama - quem nao nos julga, quem nos faz encarar a verdade mas sempre com muita graça. Aquela graça que eu acho que fiquei a conhecer só agora. No meio de sentimentos de culpa e punição. Sempre achamos que certas coisas só acontecem aos outros mas não. Às vezes cai bem no nosso teto e a nossa cosmovisão sobre certas coisas muda. Há os que nos abandonam totalmente como se fossem melhores e os que ficam sem palavras por preferir não lidar com as situações. A verdade é que todos nós falhamos e, realmente, não sabemos lidar e preferimos não encarar a dor do outro.

Teria tanto a dizer sobre tantas coisas mas como ainda estou na escola e acho que ainda não aprendi todas as lições nem tão pouco me graduei no assunto, prefiro deixar para mais tarde. Hoje só resolvi dizer que : a vida pode tornar-se um caos mas é dentro de nós que precisa continuar a existir a paz. E que é necessário tempo para curar porque a amargura é algo que espreita à porta de todos nós e se a deixarmos entrar, tornamo-nos em pessoas que não queremos ser. Quero continuar a pensar o melhor da Humanidade....o melhor dos relacionamentos e, acima de tudo, que há restauração e restituição para quem olha para Jesus. Dele sempre haverá uma compaixão sobrenatural, além do que conheço.

E....um dia depois do outro! Às vezes em frente....outras vezes retrocedendo mas tentando encontrar o caminho que nos leva ao destino!

Com amor,

Cátia


 

domingo, 20 de setembro de 2020

Vida no meio da pandemia

Parece um filme de ficção científica? Talvez um documentário de contra-terrorismo nas grandes farmaceuticas ou o inicio de uma guerra que não se vê. Parece mas não é! Trata-se do ano 2020 que entrou de forma sorrateira, não fazendo prever o que poucos dias depois mudaria a nossa forma de estar.
Máscaras, receios, readaptações, resiliência, lágrimas,abraços que não se deram...
Não sei como está a ser o vosso ano mas gostava de relatar-vos um pouco do meu....
Em regime de teletrabalho, não foi fácil conseguir que um menino de 4 anos acompanhasse a minha necessidade de trabalhar com a sua própria necessidade de atenção. A par disso, eu receava apanhar algo que pudesse colocar em causa o bem-estar e saúde da minha mãe. Ainda hoje o temo. 
Nesse tempo, uma das minhas amigas mais chegadas sofreu uma grande perda e eu não pude abraçá-la. Estava proibido o contacto e como nós nada sabiamos e receávamos o dia de amanhã e a propagação do virus, guardavamos a nossa vida e a dos nossos em casa. Assim tem que ser! Voltei a ve-la um mês depois e com a decisão de desconfinamento, resolvi abraçá-la e senti a dor que é viver lutos e perdas desta forma.
As Igrejas abriram e os cultos tornaram-se algo estranho para mim. Sem abraços, sem beijinhos, sem grandes conversas, sem Amens que faziam vibrar as paredes!
Ao mesmo tempo toda a família do T. estava contagiada e alguns passaram bem mal. O meu sogro esteve mesmo entre a vida e a morte. Nem nos apercebemos da gravidade por causa da distância.
Chegou o Verão e com ele a vontade de viver. Afinal, a regra maior seria a utilização de máscaras em espaços fechados. Então, fomos aproveitar as esplanadas, as piscinas, a praia, alguns restaurantes. Tudo em numero mais reduzido, mas sim! A família também veio, os amigos e a casa encheu-se como se de um ano normal se tratasse. 
E chegou o tempo de recomeçar a escola e aprender a lidar com as novas regras.
Entretanto fiquei doente e precisei ser hospitalizada e encontrei aqui a maior tristeza do COVID : a solidão! Não há visitas, não há contactos exteriores e a cada saída e nova entrada, um novo teste (que não sei quanto a vocês mas a mim custa-me um pouco fazer!)
Encontrei utentes desanimadas que precisaram ficar por muito tempo e não vêem a família há muito. Eu tenho acesso a tecnologias e elas permitem-me aniquilar um pouco a saudade. No caso delas, isso não acontece. Fixam os olhos na janela com os olhos em lagrimas, ansiando ardentemente a vinda do dia em que receberão "alta". 
Posso dizer que o Covid roubou-nos muito do que achávamos garantido! A alegria de viajar, visitar, conviver! Até mesmo
mostrar o sorriso aos que passsam por nós....
Não sei quanto a vocês, mas eu anseio ver um fim a tudo isto! Já percebi que a vida não volta ao mesmo mas pode-nos fazer valorizar e agarrar mais o que é essencial.
Quanto a mim...a falta de rotina roubou-me a minha capacidade de organização e de prioritização de tarefas! Não voltei a conseguir estabelecer as minhas prioridades e ainda estou em busca de algumas coisas que se perderam e com a necessidade de reciclar, de renovar outras coisas.
Este ano pôs-me em perspetiva e a ti? Ainda estou na espera do que Deus me ensinará, onde Ele me levará. Não compreendo todos os caminhos, mas sei quem me guia e isso talvez seja suficiente!
Acima de tudo, desejo que ao vermos estes números altos de casos, não percamos a coragem. Saibamos como nos proteger a nós e aos outros. Saibamos VIVER porque sobreviver não basta!
Cátia


sábado, 25 de abril de 2020

Oh O amor....

Não existe força maior no universo do que a força do amor. Deus identifica-se como o próprio amor. Ele não tem amor, Ele é todo amor! Isso descansa-me pois vejo que nunca me verá sem essa lupa inivisivel do amor e da graça!
I Corintios 13 detém a melhor descrição que já vi de amor. Deescreve-o como paciente, sóbrio, cuidador, esperançoso, bom, generoso, sem inveja, sem competitividade, sem desconfianças, não falha jamais e é maior que a fé e a esperança!
Outra passagem diz que ele é mais forte que a morte.
Também entendemos que há diversos tipos de amor entre amantes, amigos, familiares, etc! Cada um com as suas caracteristicas próprias. E dar e receber amor é das melhores trocas que fazemos na vida. 
Às vezes amar vai ser desejar o melhor para a outra pessoa, mesmo quando os caminhos forem diferentes. Vai ser abdicar porque é um sentimento desinteressado. Será doar-se sem esperar nada em troca. Independentemente do que possa acontecer, o amor recebe um lugar especial no coração do outro. O amor tem tendência a aumentar! O amor tem a capacidade de curar e transformar.
Há muitos anos atrás li um livro que é do imaginário infantil mas que só os adultos entendem. A mensagem é profunda e intensa. "O pequeno Principe" de Saint Exupery é um livro e tanto!
E é um livro de amor. O Pequeno Principe mora num planeta com a sua rosa. Ela tem um comportamento um tanto orgulhoso, centrado em si, um pouco convencida e ingénua. Ele acaba por decidir partir em viagem. E nessas incursões, ao falar com uma raposa sábia e conhecedora da vida, entende que a rosa era tudo para ele e que ele deveria voltar para ela. A juventude e a ingenuidade não os deixou viver um amor que era maior do que eles. Na conversa de despedida encontramos isto:
-É claro que te amo - disse-lhe a flor- foi culpa minha nao perceberes isso. Mas não tem importância. Foste tão tolo como eu. Tenta ser feliz. 
Depois disto, ela mostrou-se forte e não quis que ele a visse chorar. Ele deixou o planeta por causa dela mas é por causa dela que também quer voltar. É uma relação bem controversa que nos faz entender como funciona o amor quando é grande e forte.
Na sua viagem, o pequeno principe entende que a rosa é unica para ele no mundo e que por mais rosas que visse, aquela seria sempre a sua. Compreendeu que somos eternamente responsáveis por quem cativamos. Entendeu que só é feliz perto dela. Entendeu, acima de tudo, que o essencial é invisivel aos olhos. 
E olhando para outras rosas, descreve o seguinte:
 "Vocês são belas, mas vazias -continuou ele. - Não se pode morrer por vocês. Um passante qualquer sem dúvida pensaria que a minha rosa se parece convosco. Ela sozinha é, porém, mais importante que todas vós, pois foi ela quem eu reguei. Foi ela quem pus sob a redoma. Foi ela quem abriguei com o pára-vento. Foi nela que eu matei as larvas (exceto duas ou três por causa das borboletas). Foi ela quem eu escutei queixar-se ou gabar-se, ou mesmo calar-se algumas vezes. Já que ela é a minha rosa."
Este livro é uma lição autêntica de amor e compromisso. É uma ponte que nos faz entender sobre o cuidado que devemos ter pelos amores que vão passando por nós: sejam eles filhos, amigos, maridos, mulheres, pais, etc.
Num tempo como este, que haja sempre amor, porque o amor tem a capacidade sempre de ver o melhor, de retirar o melhor, de aprofundar o melhor. Que consigamos trazer luz aos lugares sombrios do outro. Que consigamos iluminar essas trevas, que possamos amar sem medida, com inteligência, com firmeza.Que possamos considerar o outro acima de nós. Que possamos ser comprometidos com "a rosa" que Deus colocar no nosso caminho.
Às vezes vamos encontrar um ou outro espinho mas que possamos entender que eles também servem para nos proteger.
Amar deve ser a primeira e a última escolha da vida!

Com muito amor,
Cátia